Em defesa da Astrologia
Para mim a questão resume-se ao seguinte: a ciência tal como a conhecemos hoje em dia, ainda não chegou ao ponto de perceber os pressupostos que estão na base do conhecimento interpretativo da Astrologia. Com isso não estou a falar da astrologia popular dos signos e dos horóscopos dos jornais e revistas que carecem de real substância. A Astrologia que me refiro é aquela que foi praticada por alguns dos sábios da antiguidade até à das escolas da Astrologia Humanista nos Estados Unidos e França, passando pelas escolas da Astrologia Teosófica Inglesa do princípio de século XX e pelas escolas de Astrologia Psicológica desenvolvidas com base em Karl Jung, para apenas nomear algumas das correntes mais significativas. Até ao momento não conheço nenhum cientista que se preze, que tenha estudado bem as bases técnicas e simbólicas da astrologia que são o suporte da arte interpretativa. Se a Astrologia é uma ciência ou não o tempo o dirá. Mas uma coisa é certa, o método científico pode ser utilizado no estudo e na investigação astrológica, independentemente de sabermos se há uma emanação real de fluidos estelares, de correntes magnéticas, de energias planetárias, ou de conceitos e arquétipos que sobrevivem no nosso inconsciente colectivo. As leis da simpatia e da ressonância magnética ainda estão longe de ser provadas, embora a física quântica já tenha aberto o caminho para essas possibilidades. Há porém, um outro estudo que não pode ser desprezado, que é o dos ciclos planetários e suas configurações geométricas e aspectos angulares com o planeta Terra no conjunto orbital de cada planeta à volta do sol. Estes ciclos são científicos na acepção que este conceito tem hoje e podem ser medidos e avaliados tal como se faz hoje em dia com o estudo dos ciclos da Bolsa. Relacionar uma cadeia de aspectos e posições planetárias com um significado humano ou material, faz parte de uma arte interpretativa ancestral do ser humano, na relação com o meio ambiente no qual ele se move e tem o seu ser. A ciência experimental baseia-se no número e na repetição de fenómenos para validar o conhecimento objectivo, a arte interpretativa qualifica e insere significado no conjunto das experiências que interagem com o ser humano promovendo assim o conhecimento subjectivo. Quer uma e outra experiência fazem parte daquilo que designamos como realidade, esta expressa-se quer pelo tempo objectivo exterior quer pelo tempo subjectivo individual. Nas técnicas subjacentes à linguagem astrológica temos também o fenómeno cíclico, e como existem leis e regras nestes ciclos estamos aqui a lidar com o domínio científico. Estes ciclos podem ser nomeados, por exemplo, o planeta Urano volta ao seu ponto de origem passado 84 anos após uma passagem por um determinado ponto do céu à nossa escolha; mas quando acrescentamos explicações relacionadas com a suposta energia ou influência deste planeta estamos no campo do prognóstico, da semântica e no domínio das possibilidades. Sabemos desde Einstein que o observador participa na experiência e com a física quântica há quem afirme que nós somos co-criadores da nossa realidade. Tudo isto é domínio de uma ciência emergente que tal como um bebe ainda está a dar os seus primeiros passos. Sabemos porém, que os modelos científicos até Newton, só se encaixam no domínio da quantificação, medida e peso presentes no mundo tridimensional. A Astrologia lida com outro tipos de leis, tal como a sincronicidade, que até ao momento ainda não foi muito bem compreendida. A influência astral intuída pelos antigos, começa a ser hoje defendida por alguns astrofísicos siberianos e por personalidades da nossa esfera cultural. Os próximos tempos irão ser bastante reveladores nestas matérias, até lá, a Astrologia e Astronomia serão duas disciplinas do saber com métodos e propósitos distintos: a Astronomia como ciência visa o que é palpável e quantificável no espaço sideral, a Astrologia visa o inexplicável a partir dos movimentos dos astros e todo o tipo de correlações e significados que isso possa trazer à psique humana. A Astrologia herdeira da Mitologia, tem o papel de “re-ligar” o Homem ao conjunto dos saberes ancestrais que revelam a dinâmica do Micro com o Macrocosmo, tal como os hologramas, o mapa do céu é uma estrutura aberta que permite aceder ao código impresso no movimento do Todo. Luís Resina Astrólogo, Professor, Investigador e Conferencista 25 Julho 2009
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