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Quadratura do Crash

O investigador Luís Resina olhou para os astros, para os livros de História e para os jornais e concluiu que a Bolsa e o petróleo trarão novas dores de cabeça ainda este ano. Marisa Moura Em Portugal, as previsões do Banco de Portugal, apontavam para a retoma económica já no próximo ano de 2009. Na semana passada o seu governador, Victor Constâncio, admitiu o excesso de optimismo: A economia nacional, afinal, só crescerá em 2011. Está agora em linha com os modelos matemáticos da OCDE. Todavia, mais pessimistas ainda são os modelos astrológicos. O investigador Luís Resina diz que, só a partir do final de 2012, o mundo voltará a poder respirar. Até lá, segundo este astrólogo de 54 anos conhecido pelos programas televisivos com Raul Durão e por ter sido barman do Hot Club, poderá haver novo crash bolsista e outro disparo dos preços do petróleo. Formado em filosofia, mas com queda para a economia política, Luís Resina explica por que a partir de agora nada será como dantes, a nível económico, social e ideológico. Ouvi-o dizer que o capitalismo está a reconfigurar-se porque, 250 anos depois, Plutão volta a estar em Capricórnio. O que isso significa? Em 2008 Plutão entrou em Capricórnio, que é o signo das grandes reestruturações sociais e colectivas relacionado com o Estado e a Economia. Aí continuará até 2024. A primeira configuração deste ciclo é uma quadratura entre Plutão e Saturno. Vai dar-se no final de 2009 e acompanhará todo o ano 2010. A última vez em que algo aconteceu deste género foi em 1973, na altura da crise petrolífera. E a última vez que Plutão entrou em Capricórnio, há 240 anos, deu-se a revolução industrial e o início do capitalismo, com as teorias de Adam Smith. Então os astros apontam para uma verdadeira revolução e não para uma mera conjuntura? Sim. Plutão tem a ver com o inconsciente colectivo. Até ter sido identificado o planeta Éris, há quatro anos, Plutão era o mais distante, e quanto mais distante do Sol está um planeta, maior é o seu ciclo e mais afecta o inconsciente colectivo, - ao contrário da lua, por exemplo, que afecta sobretudo o nível pessoal. Que tipo de revolução é esta? Antes de entrar em Capricórnio, Plutão esteve os últimos 15 anos em Sagitário, um signo que exacerba o aspecto moral da sociedade: exemplificado na filosofia política americana de Bush, o eixo do mal - oposição entre os bons e os maus. Agora temos uma oposição de Saturno a Urano, que começou em Novembro de 2008 e que manter-se-á até ao próximo mês de Outubro. Esta configuração relaciona-se com grandes mudanças sociais e económicas nomeadamente, a partir da América. Todas as revoluções nascem de crises, como na época da revolução francesa onde houve uma grave crise económica coincidente com a conjunção de Saturno e Plutão no signo de Aquário (o signo das grandes ideologias colectivas). Quer dizer que a retoma económica está longe de acontecer em 2011, como anunciou o Banco de Portugal? Só após o final de 2012 é que haverá condições de retoma a nível mundial. No Verão de 2007, na altura do Subprime, Saturno esteve oposto a Neptuno e isso trouxe a consciência de que a especulação não poderia mais continuar. Saturno é o planeta do realismo, de tudo o que é mensurável e científico. Trouxe ordem a Neptuno, que é propenso a excessos de idealismo. Veja-se a Era Clinton com aqueles 11 anos sempre a subir. Foi um exagero de todo o tamanho, por isso algo tinha de mudar. Foi o que aconteceu também em1929-30: uma especulação fortíssima. Mesmo que os astros não interferissem, há uma tendência natural para o equilíbrio. Se o realismo de Saturno não tivesse cortado com o idealismo de Neptuno, não teria rebentado esta crise? Se Saturno não estivesse em acção os bancos neste momento estavam todos falidos. As pessoas tinham corrido a levantar o seu dinheiro. Era a bancarrota. Aliás, o que Estado fez? Interveio. Plutão em Capricórnio é a intervenção do Estado. Os ideais da Revolução Francesa não implicavam que houvesse sangue, mas faltou a noção dos limites, como está a acontecer com esta crise. Saturno a fazer oposição a Neptuno, diz: Atenção que agora a coisa mudou! Mas não era demasiado óbvio - mesmo sem astros - que os bancos tinham passado das marcas? Já tinham passado das marcas há muito tempo. A questão é que não se teve consciência desses limites. Se Saturno refreia tanto a especulação, que futuro vê para a Bolsa? Do ponto de vista do inconsciente colectivo há poucas coisas tão evidentes como a Bolsa. Há manobras conscientes de grupos económicos, mas quem compra é movido por movimentos inconscientes, por moods e notícias. O sistema capitalista tal como foi concebido está condenado. O facto de se ganhar muito dinheiro sem olhar ao colectivo é um sistema desequilibrado que começou com Adam Smith, mas que está prestes a finalizar o seu ciclo. A Bolsa desvalorizou e, em Portugal, o investimento em fundos de investimento caiu para metade. Algum sinal dos céus lhe diz que a Bolsa possa, pura e simplesmente, acabar? Basta o sistema capitalista, tal como está, ruir, para a Bolsa acabar ou remodelar-se profundamente. O valor das coisas vai ter de ser alterado. Para já, entre Outubro e Novembro, quando Saturno entra em Balança e faz quadratura a Plutão em Capricórnio, poderá haver um novo crash bolsista. Novo crash? De que dimensão? Lá em cima está qualquer coisa agendada para Setembro, que pode desencadear isso, mas teremos de esperar para ver o que acontece. Barack Obama é o símbolo da tal oposição de Saturno a Urano que começou em Novembro de 2008 e que se manterá até Outubro. Esperança na transformação. Cada vez que se efectua um forte aspecto entre Urano e Saturno, a América muda. Tem sido assim no último século. Curiosamente Obama está rodeado de gente de Wall Street. Apesar de ser um progressista (Urano), como presidente, Obama está a desempenhar o papel de Saturno que é o que detém o poder. Está rodeado de pessoas ligadas ao antigo poder, mas está a tentar conciliar. A última oposição de Saturno a Urano será, como disse, em meados de Setembro e aí serão tomadas decisões que darão uma imagem mais clara do que fará a América em termos de política interna e externa, e as consequências que daí advirão. Depois, entre Outubro de 2009 a Janeiro de 2010 isso poderá ter algum reflexo na Opep com o risco do petróleo subir novamente. Em que se baseia para fazer uma previsão dessas? Há vários cenários coincidentes com a crise petrolífera de 1973, quando, no início dos anos 70, Plutão entrou em Balança. Este signo tem a ver com situações de bipolarização e Plutão tende a extremar mais ainda mais as situações. Foi a altura dos divórcios nas famílias e da bi-polarização entre os Estados Unidos e a União Soviética. Até 1983 Plutão esteve em Balança. Nesse ano entrou em Escorpião, que é o signo da sexualidade. E aí vimos aparecer um vírus chamado Sida. Estas transformações têm a ver com a revolução espiritual de 2012 decorrente da alteração das vibrações hertezianas da Terra e que a Sony Pictures retratará num filme em Novembro? Claro. Tem que ver com os grandes ciclos de 26 mil anos. Os ciclos pequenos são os ponteiros dos minutos, mas há os ponteiros das horas, que são muito mais fortes em termos colectivos. Quanto a Plutão, ele traz grandes transformações ao nível do inconsciente. Revela tesouros e, por outro lado, destrói estruturas caducas que já não estejam em sintonia com os tempos. O lançamento do best seller "Segredo" também terá a ver com essa 'revelação de tesouros'? Sim, é uma fase de revelações. O Segredo não fez mais do que trazer à superfície um conhecimento que já existia no Egipto e na Alexandria há quatro mil anos. O [filósofo egípcio] Hermes Trismegisto já falava disso. Foi Plutão em Sagitário (ciclo que terminou em 2008) que ajudou a trazer cá para cima algumas das filosofias que estavam presentes no inconsciente colectivo. Estes símbolos precisavam de vir à tona. O Código da Vinci é outro exemplo. O signo de Sagitário está ligado à Verdade, à filosofia e à educação. Do que observa dos trilhos de Obama, acha viável que conduza os optimistas macrocenários astrológicos para a Terra? As próximas eleições são precisamente no ano da tal revolução espiritual... Obama é um sinal, um símbolo e um exemplo, como o grito de Independência há 250 anos, quando os EUA se voltaram contra a Inglaterra. Esse grito pode ter grande eco no resto do mundo. É assim que as revoluções começam, e estamos à porta de uma nova revolução, que agora não é francesa, mas mundial. Quando se prevê que essa porta se abra completamente? Dentro de 2-3 anos no máximo. Parece-lhe possível que em 2-3 anos a cabeça de líderes como José Sócrates mudem radicalmente? Se vier fome, veremos o que acontece. Se mexerem na sobrevivência, a humanidade reage. Foi por isso que se deu a revolução francesa, porque lhes mexeram no pão. Na semana passada o governo citou as últimas estatísticas do INE, relativas a 2007, para anunciar a redução das desigualdades em dois pontos. Todavia, o número de portugueses em risco de pobreza mantém-se nos 18%. Anda tudo cego. As milésimas são irrelevantes quando se fala em grandes remodelações. Os políticos andam apenas a remendar a crise económica. A crise ainda não bateu no fundo. E quando bater (em 2010 será bem visível), as pessoas vão perceber onde estão. O desemprego é um grande problema para o equilíbrio social. A temida fasquia dos 10% de desemprego já foi ultrapassada em 12 concelhos portugueses. Este facto casa com a leitura que está a fazer dos astros? Exactamente. As grandes multinacionais têm de abrir mão do seu império, mas isso tem de ser concertado a nível internacional para não haver concorrências desleais. Será necessário um governo à escala mundial. Essa é uma perigosa visão Orwellesca do mundo. Sim, é verdade. Os extremos tocam-se. Mas neste momento há um governo mundial na sombra, feito de grupos económicos e políticos. Refere-se a grupos como o clube Bilderberg? Por exemplo, sim. A alternativa só pode estar numas Nações verdadeiramente Unidas. O Homem é um ser quântico com capacidade para transformar as coisas e o dinheiro é uma ficção. O que o Roosevelt fez em 1930 quando as pessoas andavam à fome foi pô-las a abrir e tapar buracos, criando emprego. É daí que vem a expressão "tapar buracos". Temos que trabalhar para um bem comum e esse bem é o Planeta. Há que moldar as leis económicas à ideologia. Os políticos devem ter uma visão humanista e ecológica para que possam mostrar caminhos. Têm de ser Politicians (políticos) e não Polluticians (políticos poluidores) como agora se diz. Exactamente. O sistema económico tem de estar a favor da ideologia, mas desde 1700 que é ao contrário. Nesse aspecto, Marx tinha alguma razão (e eu não sou marxista - risos). Chamaram lunático ao Agostinho da Silva mas ele disse que todo o ser humano devia ter condições mínimas de sobrevivência. Isso é uma premissa básica nesta nova Era. Está a cair um mundo antigo para se erguer um novo que acentua os valores do humanismo. A moda da responsabilidade social nas empresas será uma semente desse humanismo? Não creio. As empresas viram aí mais um mercado, mas continuam a pautar-se pela mesma filosofia que é a da exploração. Quando estiverem ao serviço de uma ideologia nacional (que, por sua vez, esteja ao serviço de uma ideologia mundial) então sim. É preciso ter uma filosofia do bem comum. Se pagam um ordenado mínimo e querem que uma pessoa esteja 12 horas por dia ao seu serviço, estão a reduzir as pessoas ao homem-máquina dos filmes do Chaplin.

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